segunda-feira, 27 de abril de 2009

Doutor e Paciente


A revista literária norte-americana The New Yorker publica hoje online um longo artigo, intitulado "Doctor and Patient", sobre o escritor português António Lobo Antunes, cuja obra descreve como "obsessivamente local, preocupada com os males herdados da história portuguesa e as debilidades da sua cultura".
"Ele visa - escreve Peter Conrad, o autor do artigo -, tal como Stephen Dedalus (do "Ulisses", de James Joyce) chamando a si os inimigos da Irlanda, ser uma consciência nacional, lembrando aos seus recentemente europeizados, untuosamente prósperos compatriotas, o legado de culpa do seu vergonhoso passado deixado pela ditadura de António de Oliveira Salazar, que dirigiu o país entre 1932 e 1968, e pela brutalidade do seu regime colonial em África".
Em confronto com Lobo Antunes, o articulista coloca José Saramago, que, ao contrário daquele, situa quase sempre as suas narrativas "em países não identificados ou imaginários" e as faz "facilmente partir em direcção à universalidade".
Os dois escritores - refere - "tal como partidos políticos ou equipas desportivas rivais, têm adeptos barulhentos, e os que gritam por Lobo Antunes afirmam que ganhou o Nobel o homem errado. O próprio Lobo Antunes, aparentemente, concorda: quando o Times lhe telefonou a pedir um comentário sobre a vitória de Saramago, ele resmungou que o telefone estava avariado e, abruptamente, desligou-o".
Analisando os romances de Lobo Antunes, os dois primeiros dos quais publicados em 1979, Conrad destaca a forte presença neles da experiência do autor na guerra colonial e como psicanalista.
Na opinião do crítico, alguns dos primeiros livros de Lobo Antunes "parecem dilacerantemente confessionais para se lhes chamar ficção" - como em "Conhecimento do inferno" - mas os seguintes "vão para além desta auto-purgação".(Lusa).

A Casa dos Budas Ditosos


(clicar na imagem para aumentar)
A edição deste fim-de-semana do Expresso, saída no dia que em se comemorou a passagem do trigésimo quinto aniversário da Revolução dos Cravos, noticia que a cadeia de hipermercados Auchan censurou a obra “A Casa dos Budas Ditosos”, de João Ubaldo Ribeiro, segundo os "anafalbetos" da agência de comunicação que representa a Auchan, por "não se vender nas suas insígnias Jumbo e Páo de Açucar produtos do foro pornográfico".
Uma cena lamentável, esperando-se que esta atitude ignóbil faça disparar as vendas, para que tudo não seja muito mau.